Fraude no Seguro: a dimensão cultural e a conscientização do segurado
2. A dimensão cultural da fraude no seguro e a conscientização do segurado
Para além das questões legais, a fraude em seguros também tem uma dimensão cultural e socioeconômica. Quando falamos em fraudes, a primeira coisa que pode vir à cabeça são fraudadores profissionais, quadrilhas especializadas que conhecem o mercado segurador e as condições gerais de um seguro e agem de maneira premeditada para obter indenização ilícita ou superior ao prejuízo.
Mas o trabalho de educação e conscientização do setor chama atenção para as fraudes ‘de ocasião’, onde os segurados percebem uma oportunidade e se aproveitam. Na maioria das vezes, são pessoas comuns que encontram na fraude uma saída para tentar resolver dificuldades financeiras que estejam vivendo e para as quais não estão encontrando solução imediata.
Essa é a opinião de Ana Rita Petraroli, advogada e presidente do Comitê Ibero Latino-Americano de Direito dos Seguros (CILA) de combate à fraude. Segundo ela, o segurado não se vê como parte da estrutura do seguro e acredita que, ao fraudar o produto, não vai prejudicar ninguém e quem vai pagar a conta dessa diferença é ‘apenas’ a seguradora.
Independente do que acredita o fraudador, suas motivações e contextos, se é uma prática profissional ou de ocasião, ele corre o risco de ser tipificado nos artigos 171 (Estelionato) e 179 (Fraude) do Código Penal Brasileiro, que possuem pena de reclusão de 1 a 5 anos e 6 meses a 2 anos, respectivamente.
Recomendados pelo LinkedIn
No entanto, as medidas legais mais remediam o problema do que o inibem propriamente, por isso o trabalho de educação do segurado e dos demais integrantes do ecossistema securitário é fundamental para o fortalecimento da prevenção. Como o valor do prêmio é ligado diretamente ao risco, todo o ecossistema do seguro e os segurados pagam essa conta, incluindo, para situações futuras, o próprio fraudador. Já que as taxas são calculadas com base na frequência e severidade dos danos, as fraudes fazem com que o preço do seguro aumente: quanto mais fraude, mais alto o preço do prêmio do seguro.
A fraude afeta todo o sistema securitário pois esgota os recursos pagos por clientes honestos, que são destinados a cobrir sinistros verdadeiros. Na opinião do gerente de Prevenção e Combate à Fraude da CNseg, Ricardo Tavares, a incidência de fraude tem impacto sobre as seguradoras e os clientes, afetando diretamente a sociedade como um todo, já que a fraude também pode ser utilizada para financiar outras atividades ilegais e pode prejudicar a entrada de novos clientes. Além disso, o tempo de análise dos inquéritos também facilita a fraude, fazendo com que o fraudador conte com a impunidade.
E o que o mercado de seguros e as demais entidades do cenário securitário estão fazendo para combater a fraude? Na 3a e última parte desse artigo, vamos falar sobre as ações que já são realizadas e os desafios que ainda temos pela frente.
Profissional independente de Agricultura
2 aNo Brasil de muito tempo o que realmente não houve fraudes?
Sócio - Proprietário
2 aFraudar uma seguradora não tem risco ,não existe pena ,o mercado não abre ação na esfera Civil contra os fraudadores cobrando em dobro o valor do pedido de indenização pedida ,as Cias se satisfazem com uma simples carta do fraudador solicitando o cancelamento do sinistro e da perda do prêmio ,isto e Brasil o crime compensa
Ótimos ensinamentos.
Coordenador na GHAIA ASSESSORIA SECURITÁRIA
2 aRodrigo grato por compartilhar esse material. Não tenho nenhuma vivência no seguro rural, nas pelo exposto fica muito evidente que independente do ramo e seus valores envolvidos, existem muitas similaridade e diferenças bem particulares com massificados. Fiz até um esboço para pontuar aqui, mas o texto ficou imenso, certamente seria cansativo a leitura. Fico no aguardo da 3° parte.😉