MONITORAMENTO DO CRÉDITO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DO RISCO.

MONITORAMENTO DO CRÉDITO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DO RISCO.

Depois de longos anos trabalhando em todas as etapas do ciclo de crédito, desde a prospecção do cliente, sua aprovação perante a mesa de crédito, a gestão e eventualmente, se necessário, a cobrança amigável ou judicial do mesmo, em um momento de stress e inadimplemento, o crédito a meu ver, é o momento de maior impacto e representatividade na composição da matriz de riscos, porém é com o monitoramento e acompanhamento da carteira, como ferramenta crucial de gestão, que poderemos ter uma boa gestão dos riscos da carteira.

É através do monitoramento, que além do acompanhamento do risco concedido e sua performance durante todo o período que o mesmo compor a carteira, que poderemos também acompanhar vários outros riscos, que diretamente não estão ligados ao risco relacionado à possibilidade de perda do capital emprestado, mas que impactam a atividade creditícia, como o risco nas formalizações cadastral do cliente e de sua operação, o risco de compliance e do KYC do cliente, o risco de mercado e de liquidez do cliente, risco socioambiental, entre todos os outros que poderão impactar a capacidade de pagamento do cliente e sua saúde econômica e financeira.

Falando especialmente da etapa de concessão do crédito, o grande desafio é a correta e completa avaliação do cliente, onde se faz necessário o conhecimento de todos os itens que tragam transparência de como sua saúde financeira se encontra, envolvendo seu cadastramento com as informações societárias, produtos ou serviços comercializados, clientes, fornecedores, etapas de produção e vendas; dados importantes e que auxiliaram a definição de um rating ou score de crédito, conjuntamente com todos os demais dados econômicos e financeiros do cliente, espelhados em seus balanços, balancetes, relação de faturamento, posição de endividamento, carteira de clientes, entre vários outros disponíveis, a depender da atividade exercida pelo mesmo.

Uma vez aprovado o crédito, a avaliação representará sua situação no momento da avaliação, por isso, não podemos nos esquecer da grande importância de acompanhamento do crédito como boa prática de gestão de risco. O monitoramento entra em cena aqui, com o acompanhamento dentro da periodicidade desenhada em política, incluindo todos os sinais de alerta criados, que venham mostrar como o tomador do recurso se encontra, durante toda a vida da operação, pois é um grande equivoco se esquecer do mesmo, depois de emprestado o recurso, lembrando do cliente e da operação celebrada, tão somente, no seu vencimento, ou pior, quando aparecerem problemas de inadimplência, necessitando iniciar ações de cobrança amigável ou judicial.

Portanto, o monitoramento é responsável por identificar antecipadamente, eventual deterioração nas condições financeiras e econômicas dos clientes existentes na carteira de crédito, quer sejam pessoas jurídicas ou pessoas físicas, acompanhando os sinais de alerta internos e externos criados para uma adequada classificação da carteira, com o objetivo de propor piora, manutenção ou inclusive soluções de reabilitação do crédito, visando assegurar a boa qualidade do portfólio.

Logo, pelo experiência adquirida, posso afirmar que no curso da vida do crédito junto ao cliente, o monitoramento representa um papel importantíssimo de acompanhamento para uma tomada de decisão tempestiva, vislumbrando mitigação dos riscos envolvidos, o correto provisionamento de valores, trazendo o risco ao seu valor presente e menores perdas possíveis.

As ações celebradas na etapa de monitoramento e gestão do risco de crédito, com avaliações ordenadas dos sinais de alerta que demonstrem uma possível deterioração, possibilitará a adoção de ações gerenciais preventivas, antes mesmo de seu vencimento e de perdas maiores. Para o caso de limites concedidos, a administração da exposição ao risco poderá ser conduzida, inclusive com remanejamento de carteiras, bloqueios de limites e reforço de garantias. Tais práticas antecipam ações desgastantes e dispendiosas de cobrança, trazendo ao credor e ao devedor, ajustes antecipados do crédito.

Embora acima menciono que o objetivo é procurar a melhor solução que atenda credor e devedor, no momento da detecção do sinal de alerta, não podemos esquecer que a maior responsabilidade sobre o crédito, sempre irá recair sobre o credor, por isso a importância e o dever de zelar pelo risco em carteira, mesmo considerando que o credor tenha assumido contrair o mesmo, em uma determinada data temporal.

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Por fim, o monitoramento de crédito como ferramenta de gestão de riscos, poderá ser construído de forma a atender todo tipo de empresa da sua carteira de crédito, trazendo sinais específicos que atendam setores diferentes como o de cooperativas, construtoras, incorporadoras, empresas sucroalcooleiras, entre outras, cada uma com sua particularidade; podendo ainda atender produtos específicos distribuídos pelo credor, como o monitoramento de uma carteira de empresas conveniadas em operações de consignado privado, onde o tomador final e principal devedor, é o o funcionário da empresa conveniada, porém o monitoramento da empresa é também ponto fundamental e de garantia de mitigação de perdas relacionadas a demissões decorrentes da saúde financeira da mesmo, ou em piores condições, a própria quebra da empresa conveniada.

Assuma riscos, mas antes, escreva regras de gestão dos mesmos, seguindo-as e monitorando sinais de alerta, mitigando assim possíveis perdas de crédito, por isso “O lugar mais seguro para um navio é no porto. Mas não é para isso que ele foi construído.” 

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