Toda empresa depende da análise e aprovação de crédito para que uma negociação tenha sucesso e seja bem direcionada aos interesses de ambas as partes. Quando essa etapa é ignorada, o risco de inadimplência aumenta, o que pode afetar o perfil da carteira de crédito e também o relacionamento com os clientes, investidores, contrapartes, entre outros.
Se analisar o crédito de um cliente, através da avaliação do perfil e das informações financeiras apresentadas, consiste em verificar se ele realmente tem condições de honrar o compromisso assumido, podemos afirmar que a busca do maior número de informações é o caminho da assertividade e da garantia de uma carteira saudável; mas não se trata de tarefa fácil em se falando de pequenas e médias empresas, isto porque na maioria das vezes, os demonstrativos das MPEs não são confiáveis e quase que em regra, os instrumentos utilizados para decisão e análise de crédito pelos diversos agentes financeiros são praticamente os mesmos, limitando-se a balanços patrimoniais quando existem, garantias reais se disponibilizadas pelo cliente e consultas à bureau de crédito e ao SCR (perfil da dívida no BACEN).
Considerando a falta de confiabilidade e exatidão dos documentos que são exigidos para esse público em específico, como o balanço patrimonial, importante considerar outros fatores na análise e decisão de concessão, como o nível de escolaridade do proprietário, o tempo de funcionamento da empresa, a experiência anterior do proprietário no setor, sua localização, nível de tecnologia nos seus processos, finalidade do crédito e principalmente, o feeling do analista no momento da entrevista ou visita de crédito.
Portanto, segue uma lista que não é taxativa, mas que pode ajudar a pontuar alguns sinais no momento da avaliação:
Variáveis econômico e financeiras da empresa
- Faturamento Anual. Observar o tipo, porte e categoria.
- Percepção de Mercado. Quanto mais estável ou crescente for o mercado, menores são as chances de inadimplência do tomador de crédito, portanto há de se pensar em uma classificação como: decrescente, estável ou crescente para esse público.
- Setor de atividade. Importante considerar elementos como maior complexidade (na produção e gestão), valor dos custos e despesas incorridos, limitação do escopo de produção e produto oferecido, além de sazonalidades, dentro de uma classificação nos setores da atividade econômica, tendo como perfil geral o comercial, industrial e prestador de serviços.
- Tempo de fundação. Há de se observar que quanto maior o tempo em que a empresa está no mercado, menores são as chances de inadimplência, logo a importância de criar uma classificação como: menos de um ano / mais de um e menos do que 5 anos / mais do que 5 anos.
- Nível de informatização da empresa verificado na entrevista. Também a importância de uma classificação como: informatização antiga, intermediária ou moderna.
- A localização também é um item importante e não só, se a empresa está sediada na região metropolitana de um Estado ou fora, mas também para quais localidades realiza suas vendas e compras.
- Variáveis do financiamento. Há de se avaliar com cautela a proporção de operações de capital de giro adquiridas, lembrando que um dos maiores problemas de insucesso das MPEs seria a falta de capital de giro para as suas atividades. Não existe um padrão definido, mas podemos pensar em algo como: menor ou igual a 20% de 20 a 50% ou acima de 50%, bem como, com relação ao faturamento anual sobre o valor financiado, uma regra como até 6 vezes / entre 6 até 12 vezes ou maior do que 12 vezes o valor financiado.
Variáveis Socioeconômicas (sócios / avalistas)
- Nível de escolaridade do sócio. É um dado importante, mas nem sempre assertivo, pois há constatações que contrariam a ideia de que quanto maior a escolaridade, maior a percepção e a capacidade do empresário gerenciar melhor o seu negócio. Uma possível explicação para isso seria que o empresário que tem apenas o primeiro grau tem menores oportunidades de inserção no mercado ou limitações para sucesso profissional, fato que possivelmente faça com que ele tenha propensão maior para honrar os seus compromissos.
- Valor dos Bens do Avalista em Relação ao Financiamento é fator protetor contra a falta de pagamento do crédito, pois quanto maior o valor dos bens do avalista, menores são as chances de ocorrer inadimplência, logo importante estabelecer parâmetros como até três vezes o valor financiado ou maior, etc.
- O tempo de experiência do gestor na empresa ou fora dela, mas no mesmo setor, também nos mostra um menor risco a inadimplência, pois os primeiros anos de vida de uma empresa, são muitas as incertezas quanto à demanda dos seus produtos e competência dos sócios e gestores. Entretanto, com o passar do tempo, ambos adquirem experiência no ramo de atividade, fato que aumentaria as chances de sobrevivência da empresa no longo prazo. Também se pode criar uma regra, como menor do que 1 ano, entre 1 e 5 anos ou superior a 5 anos.
Coordenador de Crédito - GEQ
1 aExcelente Ze, realmente avaliar as pequenas empresas é um desafio !