O processo de crédito

Conceitualmente processo é um conjunto de medidas e ações que são tomadas para atingir um objetivo. No caso do crédito o processo tem por finalidade atender às definições da Política de Crédito, que por sua vez segue a estratégia. Tomando emprestado as definições de Alfred Chandler: a estrutura segue a estratégia. O processo é a parte operacional, é o que faz acontecer. Muitas decisões importantes são tomadas no momento de se desenhar esse processo, observando os ciclos (prospecção, análise e aprovação, liberação dos recursos, acompanhamento, cobrança e recuperação). São decisões como: informações que são necessárias, sistemas envolvidos, centralização e descentralização de partes do processo, recursos humanos, segregação das funções, terceirização de atividades, dashboards dos processos, entre outros. Para a validação do processo é recomendável a elaboração do Risco Operacional (RO). É importante notar que uma falha no processo pode ocasionar o aumento da inadimplência ou a perda de bons negócios. Em geral, no primeiro caso, coloca-se tudo como perda de crédito e as falhas operacionais ficam ocultas. No segundo caso raramente os bons negócios perdidos são computados. Muitos aspectos precisam ser observados no processo, por exemplo: consegue fluir no tempo adequado considerando a natureza e a complexidade das operações? Um processo moroso gera perdas substanciais independentemente do ciclo. Na concessão, o cliente ficará inseguro pela demora e certamente irá procurar a concorrência. Normalmente são os casos de maior valor, mas acontece também nos processos de limites e valores pré-aprovados.  Nestes últimos a falta de integração da base de dados, a desatualização das informações e erros de modelos provocam verdadeiros desastres. Pessoalmente recebo ofertas de crédito completamente incompatíveis com a minha renda e condição de pagamento.  Acredito que muitos que estão lendo este texto também já passaram por isso. Na cobrança, um processo moroso e inadequado provoca baixos níveis de recuperação impactando o fluxo de caixa. Outro aspecto importante é o custo do processo. Este custo deverá ser compatível com o tipo da operação, o valor e sua complexidade. Certamente as operações de grande valor e mais complexas possuem um custo operacional mais elevado. Entretanto, é preciso apurar esse custo. Na sua empresa você sabe quanto custa um processo de crédito? Mesmo nas operações mais simples e totalmente automatizadas é possível que custo esteja elevado. Por exemplo: talvez existam sistemas envolvidos desnecessariamente, a ordem do processamento pode consumir elevados recursos computacionais, excesso de informações para determinados tipos de crédito, consultas externas desnecessárias, etc. Ainda que o processo contenha uma limitação natural derivada da política, o mesmo precisa de um escopo. Pode-se, por exemplo, estabelecer que determinado tipo de atividade não será de responsabilidade da área que analisa o crédito, mas de competência de um setor específico. Em certos aspectos isto é aconselhável, para maior transparência e melhoria do processo. Quem faz o acompanhamento da aderência do processo à política deve ser uma área independente. O princípio da segregação deve ser sempre observado. Uma mesma pessoa/unidade não deve ser responsável por todo o ciclo de crédito: quem prospecta não analisa, quem analisa não aprova e assim por diante. Não é possível neste pequeno texto abordar de forma completa todos os aspectos de um processo de crédito, entretanto ficam aqui esses registros, que nos parecem importantes. Muitas pessoas quando possuem a oportunidade de participar de um projeto de elaboração e implantação de uma política/processo de crédito ficam em dúvida quanto ao método. Minha sugestão é que se utilize uma metodologia de gestão de projetos. O guia PMBOK elaborado pela PMI (Project Management Institute) contém as melhores práticas e acredito você pode encontrá-lo na internet. Existem muitas outras ferramentas de gestão de projetos que você também pode pesquisar e utilizar.