Teremos um momento Minsky?

Ampliando a visão Keynesiana, Minsky construiu a HFF, ou seja, a hipótese da fragilidade financeira. Na dinâmica capitalista as empresas assumem dívidas para fazerem investimentos. Entretanto, ao passo que as despesas com as obrigações são “certas”, as receitas geradas pelos investimentos são “incertas”. Quando a economia se encontra em expansão as empresas ficam motivadas e tomam novos financiamentos. No princípio os recursos da firma conseguem dar conta dos empréstimos, mas a media que eles se ampliam a fragilidade financeira também aumenta. Em dado momento há uma ruptura da expansão econômica através dos aspectos próprios do sistema capitalista causando uma crise financeira. Isso acontece também de forma micro, porque vemos empresas que atingiram um certo nível de endividamento e não conseguem novos empréstimos indo a insolvência. Minsky estabelece três momentos, hedge, especulativo e o Ponzi. No último o pagamento das dívidas e dos juros somente ocorre quando a empresa consegue obter um novo empréstimo. Na conjuntura atual o aumento do endividamento das empresas, sobretudo pequenas e médias, não ocorre em razão de um boom econômico, mas por necessidade de sobrevivência em virtude do caos causado pela pandemia Covid-19. Portanto, não há expectativas de retorno, porque os recursos não foram destinados ao investimento. A questão, portanto, não é saber se teremos o momento “Minsky”, mas a sua abrangência.