Como as mudanças climáticas têm impactado o mercado de seguros?
"O aumento significativo de sinistros devido a catástrofes naturais influencia os níveis de preços e a oferta e demanda dos seguros."
Segundo Bruna Carolina Bianchi de Miranda, coordenadora de soluções jurídicas no Rücker Curi, em um artigo publicado na revista Apólice, as mudanças climáticas têm se intensificado, impactando diretamente o mercado de seguros.
Este mercado tem a finalidade de proteger pessoas e empresas por meio de produtos específicos que atendem a diversas necessidades. De acordo com estudos, as consequências das mudanças climáticas, decorrentes do aquecimento global, resultam em incêndios, chuvas fortes e enchentes, como as observadas recentemente no Rio Grande do Sul.
Diante do aumento significativo de sinistros, cada vez mais graves e frequentes, o mercado de seguros é diretamente afetado, influenciando os níveis de preços, bem como a oferta e demanda dos seguros. Especialistas afirmam que, após grandes sinistros, há um aumento na procura por seguros com coberturas mais específicas.
Bruna ainda destaca que o contrato de seguro é uma transferência de risco, em que a seguradora se responsabiliza pela indenização do sinistro sofrido, e o segurado se compromete com o pagamento do prêmio. O contrato de seguro oferece segurança econômica frente a eventos danosos.
Ao contratar um seguro com proteção contra eventos climáticos, é essencial compreender o produto contratado, com as informações necessárias disponíveis na apólice e nas condições gerais. O sinistro só será indenizado se a cobertura foi contratada, respeitando o limite da indenização securitária.
Um exemplo de seguro com cobertura climática é o seguro habitacional, vinculado ao financiamento do imóvel para garantir o cumprimento da obrigação, ou seja, a quitação do mesmo. Este seguro, obrigatório ao financiar um imóvel, é regulamentado por lei e constitui um pacto acessório ao contrato de financiamento.
Entre as coberturas contratadas no seguro habitacional, está a cobertura por danos físicos ao imóvel (DFI). Esta cobertura pode prever indenização por alagamentos causados por fortes chuvas, transbordamento de rios ou rompimento de tubulações que não pertencem ao imóvel.
Importante destacar que a vigência do seguro habitacional está vinculada ao período do financiamento. "Uma vez liquidada a dívida, cessa o pagamento dos prêmios, encerrando a obrigação da seguradora", conforme explicou o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo de Tarso Sanseverino.
Outro seguro de grande relevância para a sociedade, visando a proteção contra eventos climáticos, é o Microsseguro Rural. Este seguro atende pequenos agricultores e comunidades rurais de baixa renda, proporcionando proteção financeira em casos de eventos danosos, como perda da produção agrícola devido a condições climáticas, tempestades, incêndios e ventos fortes.
O setor agrícola é o mais afetado pelas variações climáticas, como chuvas fortes, geadas e enchentes, comprometendo plantações e causando perdas parciais ou totais. Diante desses riscos, é imprescindível a contratação de seguros agrícolas e rurais para resguardar financeiramente a produção agrícola.
Atualmente, devido às enchentes na região sul do Brasil, o país enfrenta um dos maiores processos de sinistros, com danos ainda imensuráveis, pois as chuvas fortes e alagamentos continuam. As principais coberturas acionadas neste momento incluem seguros de automóveis, safra agrícola, seguro patrimonial de empresas, equipamentos agrícolas e residenciais.