Quando vamos começar?

Quando vamos começar?

Li há uns tempos uma frase que dizia o seguinte: a Gestão Emocional é o próximo passo evolutivo da Humanidade. Fez-me tanto sentido! A Gestão das Emoções é, para nós humanos, de extrema importância pois sem ela a nossa sobrevivência fica comprometida. Isto torna-se ainda mais válido nos dias de hoje e, em concreto, nesta situação tão particular em que vivemos.

Há muito que digo que esta década, que agora iniciou, irá ser profundamente disruptiva. Confesso que não esperava que tudo começasse com uma pandemia. Mas a verdade é que as grandes transformações começam sempre com algo imprevisto que assume proporções imensas.

E o que diferencia esta situação das outras crises, guerras e pandemias que a humanidade já viveu? O que é diferente desta vez é aquilo que nos falta…

Pela primeira vez na nossa história faltou-nos a liberdade individual, ficamos aprisionados de um dia para outro nas nossas casas, confinados a um espaço e a uma vida que não sonhávamos ser possível…

Mas este isolamento pessoal, familiar e social trouxe muitas outras questões. À maioria de nós, não nos falta comida, bens materiais, tecnologia, segurança ou cuidados de saúde. Todavia, falta-nos o contacto humano tão fundamental para a nossa sanidade emocional.

E se até agora pensávamos que as emoções eram menos importantes e davam um contributo menor para a nossa saúde, os próximos tempos ensinar-nos-ão o contrário.

A falácia, até agora, foi considerar as emoções como algo volátil, intangível e associado a fragilidade. Ora tal visão não está correta e corresponde a uma falta de (in)formação. Na verdade, o erro até agora – e como sempre na história da humanidade! – foi/é a falta de (in)formação.

As emoções são a forma como o nosso corpo nos transmite ‘mensagens’ sobre os nossos processos internos (reações, desejos, pensamentos, necessidades, crenças, medos…). As emoções são como um GPS que nos dá coordenadas de, e para a, ação. São também são uma ferramenta poderosa de gestão, pois na verdade são elas que nos gerem.

Conhecer o nosso estilo emocional, reconhecer as nossas emoções e as dos outros, saber gerir os nossos estados emocionais de forma eficiente e eficaz, serão as competências que farão toda a diferença nos tempos vindouros. É ao somatório destas competências que, habitualmente, chamamos Inteligência Emocional ou QE.

No entanto, a Gestão Emocional exige várias inteligências, muita disciplina e foco. Torna-se difícil fazer uma Gestão Emocional eficaz e eficiente sem Inteligência Intrapessoal, Interpessoal, Lógica, Linguística, Sinestésica, Cinestésica, Cenestésica… A Gestão Emocional exige assim muitas Inteligências e quiçá mais uma outra, ainda pouco considerada, a que Augusto Cury chamou de QP – Quociente de Pensamento ou Quociente na Arte de Pensar.

Esta nova inteligência de que Cury nos fala assenta em vários pontos dos quais saliento apenas alguns, como: Pensar antes de Agir, Proteger a Emoção, Gerir o Pensamento, Empatia, Resiliência, Generosidade, Tolerância, Criatividade, Raciocínio Complexo

Todas estas inteligências aplicadas à gestão das nossas emoções exigem (tal como promovem) Autoconhecimento e Autoconsciência. Dessa forma, alcançamos o ´Santo Graal´ do desenvolvimento humano: Autocontrolo. Na verdade, acredito que será mesmo isto que todos queremos: ter a capacidade para escolher viver de acordo com aquilo que autenticamente somos, dominando os impulsos que nos impedem de o conseguir fazer.

Talvez fique agora mais fácil entender que, com uma boa Gestão Emocional, podemos ser a nossa melhor versão, que no fundo é a versão mais autêntica, aquela que representa a expressão máxima do nosso potencial.

E depois do que foi dito, a pergunta que se impões agora é: Não será esta a altura para aprender a fazê-la de forma saudável?

Mónica Rodrigues

Ensinar, aprender, inspirar e ser inspirada são os privilégios desta profissão. Ser formadora é uma Missão que me dá Vida. A formação faz-me sentido quando nos propomos a despertar o melhor que há dentro de cada pessoa.

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Acho que este é o "pretexto" ideal para de uma vez por todas as empresas levarem a sério a Gestão emocional, como se de um departamento se tratasse. E não importa se lhe chamamos Departamento da Felicidade ou outra coisa qualquer. O importante é que se faça.

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