No futuro, todo dia será 1º de Abril (não é pegadinha 😉)
Marginal Pinheiros revitalizada (2025)

No futuro, todo dia será 1º de Abril (não é pegadinha 😉)

Em "Minority Report" de Philip K. Dick, obra adaptada para o cinema que explora um futuro em que crimes são prevenidos antes de acontecerem, encontramos uma inquietante metáfora sobre a natureza da verdade e da percepção.

A distopia apresentada, onde a realidade é constantemente manipulada, não está tão distante do mundo que estamos construindo com a proliferação de fake news.

Neste 1º de abril de 2025, tradicionalmente conhecido como "Dia da Mentira", observamos que as inocentes "pegadinhas" desta data foram gradualmente ofuscadas por um fenômeno muito mais complexo e perigoso: a institucionalização das fake news como ferramenta de manipulação social, política e econômica.

O que antes era reservado para brincadeiras anuais tornou-se uma constante em nossa sociedade hiperconectada.

A realidade brasileira neste cenário é alarmante. Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, 90% dos brasileiros admitem já ter acreditado em conteúdos falsos, apesar de 62% confiarem na própria capacidade de discernir entre informações verdadeiras e falsas. Este paradoxo ilustra a sofisticação crescente da desinformação.

O conteúdo destas falsidades atinge diversas esferas: 64% relacionam-se à venda de produtos, 63% a propostas em campanhas eleitorais, e 62% tratam de políticas públicas como vacinação - um dado particularmente preocupante quando observamos o impacto na saúde coletiva, como demonstrado pela queda na cobertura vacinal que vem ocorrendo desde 2016.

Mais inquietante ainda: segundo o Poynter Institute, 4 em cada 10 brasileiros afirmam receber fake news diariamente, e entre aqueles que se preocupam com o fenômeno, esse índice sobe para 65%. A desinformação tornou-se parte integrante do cotidiano digital dos cidadãos.

Este não é um problema exclusivamente brasileiro. O Relatório de Riscos Globais de 2025 do Fórum Econômico Mundial aponta a desinformação como o principal risco global a curto prazo, sendo uma ameaça persistente à coesão social e aos governos. 

Em um ranking com 33 riscos globais, a desinformação aparece em 4º lugar como preocupação para 2025, mas mantém-se como principal risco de curto prazo pelo segundo ano consecutivo.

Implicações para as Organizações

Para conselheiros consultivos e líderes empresariais, estes dados revelam um risco significativo para as organizações. Segundo uma pesquisa da Aberje, 50% das organizações brasileiras já foram alvos da publicação de fake news, e 92% têm preocupação com o tema e realizam monitoramento de notícias na mídia sobre a própria marca.

Os principais impactos das fake news nas empresas são danos à reputação da marca, à imagem organizacional, perdas econômico-financeiras e danos à credibilidade. 

A capacidade de discernir entre fato e ficção tornou-se uma competência estratégica indispensável para lideranças.

Recomendações para conselheiros e líderes

  1. Invista em inteligência informacional: Desenvolva células dedicadas à verificação de informações críticas para o negócio.
  2. Promova treinamentos regulares em alfabetização midiática para todos os níveis organizacionais.
  3. Estabeleça protocolos de resposta rápida para combater desinformação direcionada à sua organização ou setor.
  4. Cultive parcerias com agências de fact-checking e instituições de pesquisa que possam prover suporte especializado.
  5. Incorpore a análise de riscos de desinformação nos planejamentos estratégicos anuais.

Cenários 2035: Dez aplicações futuras no contexto brasileiro

Olhando para 2035, podemos antecipar cenários que combinam riscos e oportunidades no Brasil:

1. Auditorias de Veracidade Informacional

Oportunidade: Consultorias especializadas poderão oferecer certificações na blockchain para validar a integridade de dados corporativos, criando um mercado estimado em R$ 12 bilhões no Brasil até 2035 (baseado na adoção da Carteira de Identidade Nacional em blockchain). Empresas com selos de "veracidade auditada" ganharão vantagem competitiva em licitações e relações com investidores. Risco: Surgimento de oligopólios de auditoria, onde grandes players poderão manipular critérios de validação para favorecer clientes, reproduzindo vícios do mercado de ratings financeiros.

2. Seguros Contra Ataques de Desinformação

Oportunidade: Seguradoras poderão desenvolver produtos para cobrir perdas reputacionais e jurídicas por fake news, impulsionando um novo nicho no mercado financeiro brasileiro, potencialmente movimentando R$ 8 bilhões/ano. Risco: Aumento de fraudes com falsos ataques de desinformação para acionar apólices, exigindo complexos sistemas forenses para comprovação de autenticidade.

3. Departamentos de Proteção à Realidade

Oportunidade: Corporações poderão criar divisões especializadas em detecção precoce de deepfakes e narrativas distorcidas, integrando ferramentas de IA preditiva. O setor de tecnologia da informação brasileiro poderá captar US$ 500 milhões em investimentos para desenvolvimento dessas soluções. Risco: Centralização excessiva do controle informacional nas mãos de equipes corporativas, criando novos vetores para abusos de poder e censura seletiva.

4. Plataformas Blockchain para Certificação

Oportunidade: A identidade digital nacional em blockchain poderá servir de modelo para sistemas privados, permitindo que empresas validem cadeias produtivas e declarações socioambientais com imutabilidade de registros. Risco: Exclusão digital de 23% da população brasileira ainda sem acesso à internet em 2030 (projeção CGI.br), aprofundando desigualdades no acesso a serviços básicos.

5. Alfabetização Midiática Curricular

Oportunidade: Integração de pensamento crítico e checagem de fontes no ensino básico pode reduzir em 40% a disseminação de fake news entre jovens (modelo similar ao finlandês). Risco: Politização dos conteúdos educacionais, com pressões para incluir "verdades alternativas" em matérias como história e ciências.

6. Tribunais Especializados em Crimes Informacionais

Oportunidade: Julgamentos acelerados por IA permitirão resolver 85% dos casos em menos de 30 dias, combatendo desde calúnia digital até manipulação de mercados. Risco: Uso abusivo de algoritmos de detecção sem transparência, replicando vieses em decisões judiciais como já ocorre em sistemas de crédito.

7. Implantes Cognitivos Assistivos

Oportunidade: Neurotecnologias de verificação em tempo real poderão reduzir em 60% a susceptibilidade a desinformação, integrando-se a programas de saúde ocupacional. Risco: Brechas de segurança cibernética permitindo manipulação direta de percepções, criando novas formas de assédio corporativo e controle mental.

8. Estratégias Antidesinformação no SUS

Oportunidade: Campanhas baseadas em big data poderão aumentar a cobertura vacinal para 95% até 2035, revertendo quedas históricas causadas por fake news. Risco: Medicalização excessiva do debate público, com tentativas de censurar críticas legítimas a políticas de saúde sob o pretexto de combate à desinformação.

9. Crises Sistêmicas de Confiança

Oportunidade: Empresas com governança transparente poderão captar 30% mais investimentos em cenários de crise, conforme visto durante colapsos anteriores. Risco: Eventos do tipo "Banco Central Hackeado" podem derrubar o Ibovespa em até 25% em horas, exigindo novos mecanismos de estabilização.

10. Economia da Verdade

Oportunidade: Mercado de certificação de conteúdos e treinamentos em integridade informacional poderá movimentar R$ 20 bilhões anuais, criando 150 mil novos empregos qualificados. Risco: Surgimento de "blindagens de reputação" como serviço para elites, aprofundando assimetrias na accountability corporativa

Conclusões

A ironia não passa despercebida: enquanto celebramos o tradicional Dia da Mentira, lidamos com uma visão de um futuro onde a exceção tornou-se regra e distinguir o verdadeiro do falso tornou-se um desafio diário.

Para líderes e conselheiros consultivos no Brasil, este cenário não representa apenas ameaças, mas também oportunidades para construir organizações que valorizem e protejam a integridade informacional.

Como profissionais influentes, temos a responsabilidade não apenas de adaptar nossas organizações a esta realidade, mas de cocriarmos antecipadamente futuros onde a verdade não seja apenas uma aspiração, mas um ativo estratégico.

Do contrário, em 2035, realmente todo dia será primeiro de abril - e as consequências não serão motivo de riso ou piada.

Você Está Pronto para Cocriar os Futuros do seu Negócio na Era da Desinformação?

Desinformação e fake news já estão impactando negócios no mundo inteiro — e o Brasil não pode ficar de fora dessa revolução.

Convidamos líderes, conselheiros e visionários para participar de uma série exclusiva de eventos dedicados à cocriação de futuros preferíveis para o seu negócio mitigando os riscos associados à Fake News:

Agenda de Eventos

  1. Palestras Inspiradoras
  2. Debates Estratégicos
  3. Workshops de Cocriação de Futuros Preferíveis

Para maiores informações, basta nos contactar: Gustavo@ConsultorInovacao.com.br ou (19) 99238-3918.

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Nos vemos no futuro!

Gustavo Machado

Atua há mais de 30 anos como Conselheiro, Consultor, Professor, Mentor e Palestrante em Foresight Estratégico, Inovação e Empreendedorismo no Brasil e Canadá, desenvolvendo projetos em diversos setores do mercado.

É Conselheiro na Comissão de Inovação da Board Academy, no INEI - Instituto Nacional de Empreendedorismo e Inovação, no I2H - Innovation to Health e na plataforma Bairros Inteligentes.

É também Founder da startup Forever Beta (IA), Co-Founder do Teach the Future Brazil, Pesquisador e Desenvolvedor em IA no The Millennium Project e Professor em programas de MBA (Board Academy, Dom Cabral, FIA e FIAP).

Criou metodologias como o Framework de Negócios de Futuro, Laboratório de Futuros, Museu de Futuros Preferíveis, Roda de Futuros com IA, AInnovation Sprint e Planejamento Estratégico com Prospectiva e IA, além de co-autor de mais de 20 livros publicados no Brasil, EUA e Europa.

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Gustavo@ConsultorInovacao.com.br

(19) 99238-3918

Referências

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#FakeNews #Desinformação #Liderança #Governança #ForesightEstrategico

Gustavo Machado, Conselheiro Consultivo

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Wesley Vaz

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