Compulsão pelo ócio
compulsão
substantivo feminino
1.imposição interna irresistível que leva o indivíduo a realizar determinado ato ou a comportar-se de determinada maneira.
Sabemos que o tempo é corrido, ele passa diante de nossos olhos em uma velocidade impressionante, embora existam momentos em que parece que o mesmo caminha a passos lentos, como os de uma tartaruga gigante das ilhas Galápagos. Logo o tempo acaba sendo relativo para cada indivíduo e sua percepção varia a cada momento.
No cotidiano profissional, o tempo tende muitas vezes a assumir o papel de vilão, aquele terrível antagonista que sentencia quando será o ocaso de determinada tarefa ou projeto e ele em toda sua vilania contempla o desespero daqueles que não sabem administrá-lo e dos procrastinadores.
Mas há também aqueles que buscam demonstrar domínio sobre o tempo e diante das tarefas que lhes são delegadas, executam elas no mínimo tempo possível, com uma eficiência que chega a ser absurda.
Porém, será que essa eficiência é eficaz?
Não desmerecendo quem possui habilidade para realizar tarefas com excelência em um tempo mínimo, longe disso, mas devemos questionar muitas vezes se há necessidade de tanta urgência, se há certas prioridades nas atividades que nos são passadas e analisar.
Em contrapartida, que inclusive é o tema dessa postagem, há também aqueles que executam as tarefas o mais rápido possível para poder contemplar o nada, o suposto paraíso chamado ócio.
Esse nada, para algumas pessoas é visto como um lugar confortável, pois nele pode-se buscar infinitas possibilidades de desperdício de tempo, algo extremamente nocivo e que lentamente vai degradando sua aura profissional, podendo a médio e longo prazo te deixar com vícios terríveis, hábitos que acabam por deixar sua credibilidade no fundo do poço.
Muitas vezes, agilidade não é sinônimo de qualidade, na realidade na maioria das situações em que promete-se fazer um trabalho hercúleo com um prazo curto e em um tempo recorde, os resultados podem ser surpreendentemente frustrantes e desastrosos.
E pior ainda não é o resultado esperado, mas é a motivação para que o fim se apresse: o ócio.
Algumas pessoas tem essa compulsão pelo ócio. Vil protagonista esse tal do ócio, pois ele nos dá aquela sensação prazerosa de conforto em "não ter algo para fazer".
Ele não pode e jamais deverá ser o combustível para a realização de trabalhos, projetos e tarefas em nosso cotidiano, pois uma vez que ele se torna o nosso objetivo, adquirimos a estigma de ineficácia e de qualidade duvidosa em nossas habilidades e conhecimentos.
Essa sensação pode-se considerar como a satisfação plena, mencionada por Cortella em seu livro "Qual é a tua obra?", onde uma vez satisfeito, você se acalma, se limita e fica amortecido, logo você se acomoda e esse conforto vai ser o seu calvário.
Portanto, procure mudar o seu objetivo, ao invés de buscar o ócio, busque a excelência e a qualidade, esses objetivos sim possuem um valor incalculável.
A propósito, a imagem acima é da estória de Rip Van Winkle, o caçador que saiu para caçar e acabou adormecendo por um BOM tempo, vale a pena procurar e saber um pouco mais sobre esse conto inusitado.