Qual o custo de carregar o mundo nas costas?
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Qual o custo de carregar o mundo nas costas?

Esses dias saí para jantar com 3 amigas, todas mães de crianças mais ou menos da mesma idade do meu filho (3 anos e meio). 

Uma delas comentou que estava trabalhando em home office, olhou pela janela de sua casa e viu outras 3 mulheres, cada uma fazendo seu corre do dia-a-dia. Uma bancária que ficou em Curitiba depois que o marido foi transferido para outra cidade, uma delegada que segura as pontas em casa, além de trabalhar, enquanto o marido faz plantões noturnos, uma gestora de TI mãe de 3 crianças que trabalha presencial, leva as crianças para cima e para baixo e está sempre impecável e isso a fez refletir como cada uma na sua individualidade dava a conta da vida da sua forma. 

A nossa conversa me fez pensar sobre as mulheres ao meu redor. 

Quantas de nós, dentre as mais variadas configurações de nossas famílias, privilégios e dinâmicas do dia-a-dia nos desdobramos para fazer mais e mais e mais? Eu não conheço nenhuminha mulher sequer que não se esforce para dar o melhor de si nas mais diversas áreas das nossas vidas e gente (!), desta forma a gente tem a força de um elefante, tenho a sensação de que somos capazes de girar o mundo todinho. 

Mas e o peso de tudo isso nas nossas costas? A que custo? Já sei, você acha que eu vou responder que é carga mental, stress, cansaço maaaas…  Eu só posso falar por mim, porque vivo só na minha pele… No meu caso, o custo de dar conta de tudo é, em primeiro lugar, bastante satisfação! Eu confesso que tenho muito prazer em ver o quanto sou capaz, de fazer muito e fazer mais. Minha chefe esses dias falou “você não pára!”, é… Eu não paro: cuido de filho, trabalho, estudo, cuido de casa, divido a guarda de dois cachorros, escrevo conteúdo para rede social, arranjo tempo para minha mãe, minhas amigas, faço menos exercício do que gostaria, leio, cozinho… e? Acredite! Muitas vezes me cobro por não fazer mais. Por muito tempo eu me culpei por querer dar conta de tudo e me coloquei em um lugar de vítima cansada. Hoje, percebo que esse modo “dar conta de tudo” e estar sempre ativa é onde gosto muito de estar. Claro que de vez em quando o cansaço bate, mas o autoconhecimento que construí em anos de terapia me faz perceber que assumir que gosto de dar conta de tudo me coloca em um lugar melhor quando me vitimizo atrás do cansaço. Meu descanso é ficar sozinha, é encontrar o silêncio que muitas vezes é quebrado pela minha tagarelice e aos poucos silenciar meus pensamentos, sem me culpar e me permitir por uns minutinhos não fazer nada. 

E as mulheres à minha volta? A maioria das que conheço se desdobra, não sei se por escolha, se por papel social, se por não enxergar outro caminho e nessa nos fortalecemos, produzimos, damos exemplos aos nossos filhos e as próximas gerações e nos satisfazemos.


"O ser humano possui cinco desejos fundamentais: ser reconhecido, amado, elogiado, livre e útil. Quando esses desejos são satisfeitos, o homem encontra a razão de viver".

Livro "Educação da Vida"- Masaharu Taniguchi


Ana Victória Guarinello - comunicadora e educadora parental. Desde que meu filho Theo nasceu, passei a me perguntar diariamente: Quem eu quero ser agora? Venho buscando essa resposta nos últimos 3 anos e meio e o que eu sei até aqui é que me aprofundar na educação respeitosa me traz a tranquilidade de saber que, aqui em casa, estou criando para o mundo um ser humano do bem! Acredito que se nossas crianças tiverem uma vida segura e respeitosa se tornarão seres bons para o mundo e consequentemente o mundo será bom para elas. Faz sentido para você? Se sim, te convido a me seguir por aqui e acompanhar meu conteúdo por aqui e no instagram @anaguarinello

Priscila Santos Moscon

Co-founder at Goepik - A plataforma simples para processos complexos.

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Excelente texto Ana! Reflete muito do que eu penso e apesar de todos os papéis que absorvo hoje, me sinto completa e satisfeita por ter saúde e força "para dar conta de tudo".

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