Programa Avançado em IA Para Administradores (PAIAA): Lições da 1.ª Edição e Porque Queremos Mais!
Coordenar a primeira edição do Programa Avançado em Inteligência Artificial para Administradores (PAIAA), promovido pelo IPCG - Instituto Português de Corporate Governance , foi uma experiência inesquecível e gratificante. Ao longo das várias sessões, testemunhei o entusiasmo dos participantes, que rapidamente se aperceberam da importância de dominarem os princípios fundamentais da IA para aplicá-la de forma estratégica nas suas organizações. Nesta primeira edição, o nosso grande objetivo foi aproximar os membros dos órgãos de administração das oportunidades e ameaas da IA, mostrando que a tecnologia pode e deve ser entendida como uma ferramenta de gestão de risco e de criação de valor.
O ponto de partida para a conceção do programa foi claro: não queríamos mergulhar em detalhes técnicos que apenas interessam aos especialistas em programação ou ciência de dados. Em vez disso, procurámos desenvolver uma visão holística, que ajudasse os administradores a entender os principais riscos, oportunidades e mecanismos de implementação da IA numa lógica de negócio. Focámo-nos no “porquê?” e não no “como?” da IA, evitando um excesso de vocabulário tecnológico e privilegiando casos práticos e discussões sobre estratégia, governança e ética.
Um elemento central do programa foi o enquadramento da IA numa perspetiva de transformação digital mais ampla. Muitas vezes, as organizações enfrentam o desafio de integrar tecnologia sem terem pensado previamente na importância de gerir dados de forma eficaz ou de fomentar uma cultura interna aberta à inovação. Por isso, começámos por explorar conceitos como a economia digital e o valor dos dados para as organizações, só depois nos aventurámos em tópicos mais elacionados com IA, enquadrando-os sempre na realidade das empresas e no papel que cabe aos seus órgãos de administração e supervisão.
Também dedicámos uma parte significativa do programa às questões de compliance, risco, confiança e ética. A IA traz enormes oportunidades, mas vem igualmente acompanhada de obrigações legais e regulamentares. Durante as sessões, sublinhámos que o incumprimento de normas pode pôr em causa a reputação das organizações e resultar em perdas financeiras consideráveis. Assim, o programa procurou munir os participantes de ferramentas para avaliarem a conformidade dos projetos de IA, de forma a equilibrarem inovação com segurança e responsabilidade.
Uma das áreas mais entusiasmantes discutidas durante a formação foi a IA generativa. Para muitos, ouvir falar de algoritmos capazes de criar textos, imagens ou até protótipos de produtos de forma autónoma parecia algo próprio de ficção científica. Contudo, mostrámos exemplos práticos de empresas que já estão a integrar estes modelos nos seus processos de corporate governance, com resultados muito positivos. Como coordenador, foi extremamente recompensador ver o entusiasmo dos participantes quando percebiam que estas soluções são hoje uma realidade acessível e, acima de tudo, com elevado retorno estratégico.
Contámos também com a presença de fundadores de startups que, partilhando a sua experiência, trouxeram uma abordagem mais ágil e empreendedora à adoção da IA. A forma como as pequenas empresas, com recursos limitados, conseguem inovar e diferenciar-se rapidamente graças à IA é inspiradora. Ao ouvirmos estes testemunhos, reforça-se a ideia de que a IA não está apenas ao alcance de grandes organizações com orçamentos avultados. Pelo contrário, qualquer entidade, independentemente da dimensão ou do setor de atividade, pode tirar partido de algoritmos inteligentes para aperfeiçoar processos, criar novos produtos ou melhorar a experiência do cliente.
Durante todo o programa, procuramos colocar em evidência o papel fundamental da liderança na condução de projetos de IA. Quando falamos de monitorizar o progresso da transformação digital, é crucial que os administradores saibam fazer as perguntas certas e exigir métricas claras. A mensagem que transmitimos é que a IA não deve ser encarada como algo exclusivo do departamento de TI, mas sim como um tema de discussão ao mais alto nível estratégico, envolvendo o conselho de administração, órgãos de supervisão e, sempre que possível, equipas multidisciplinares.
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Encerrar esta primeira edição como coordenador trouxe-me um enorme sentido de realização, mas também uma grande expectativa em relação ao que virá a seguir. A segunda edição do programa irá realizar-se já nos dias 13, 14 e 15 de Março e sabemos que há ainda muito terreno para explorar. A cada dia surgem novas aplicações de IA, novos desafios éticos e regulatórios e novas oportunidades de negócio. É, por isso, essencial que os líderes se mantenham atualizados e preparados para questionar, adaptar e liderar a transformação digital das suas organizações.
O balanço é extremamente positivo. Reunimos participantes de diferentes setores, com diferentes níveis de conhecimento, mas todos eles partilhavam a vontade de compreender melhor como a IA pode revolucionar o mundo empresarial. Ficou claro que esta formação, pioneira em Portugal no foco específico na administração, faz todo o sentido num mercado que busca soluções mais eficientes e sustentáveis. Mais do que um programa informativo, foi um espaço de reflexão e troca de experiências, onde se discutiram tendências globais e se idealizaram caminhos de inovação.
Porque é que queremos mais?
Com esta primeira edição concluída, sinto que cumprimos a missão de criar um diálogo sólido entre a adminsitração e o universo da IA. Mas sei também que há muito por descobrir e refinar. A segunda edição promete ir ainda mais longe, alicerçando-se na experiência já adquirida para continuar a oferecer conteúdo direcionado, mais exemplos práticos e mais vozes de especialistas. E, como coordenador, estarei lá de novo, pronto para continuar esta jornada de descoberta e partilha, convicto de que o conhecimento e a boa liderança são as chaves para um futuro empresarial mais dinâmico, sustentável e competitivo.
Prontos para a segunda edição?
A IA já não é apenas uma tendência ou um conceito abstrato, é uma realidade incontornável. Cabe aos líderes abraçarem este novo paradigma e garantirem que as suas organizações conseguem não só adaptar-se, mas também prosperar num mercado cada vez mais exigente. O Programa Avançado em IA para Administradores do IPCG está aqui para vos guiar nesta travessia, e temos todo o gosto em vos receber na próxima edição. Juntos, vamos continuar a crescer e a descobrir como a IA pode transformar de forma positiva a nossa forma de liderar.
Bruno Horta Soares
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