5 hacks para avançar a transformação digital da Saúde
Em tempos de mudanças profundas nos negócios do setor, é fundamental acelerar a jornada de transformação para garantir mais qualidade de vida aos pacientes e sustentabilidade ao segmento
por Leonardo Silva, diretor corporativo de serviços da MV.
“O mundo como o criamos é um resultado do jeito que pensamos. Ele não pode ser mudado, a não ser que a gente mude nosso pensamento.” Quando Albert Einstein disse essa frase, a transformação digital da Saúde ainda estava distante de acontecer. Em pouco mais de 70 anos, tornou-se imperativo acelerar as mudanças em um setor que sofre pressões de todos os lados - financeira, dos pacientes, do governo, das tecnologias, dos próprios players do sistema de Saúde. As pessoas vivem mais e querem ser mais saudáveis. Mas como frear o custo assistencial que não para de crescer com o avanço das doenças crônicas - característica de uma população mais longeva? Nesse contexto, onde mudanças nos modelos atuais e criação de novos modelos de assistência são urgentes, o caminho é acelerar a jornada de transformação.
Foi nesse sentido que em minha participação no HIS 2019, que ocorreu nos dias 18 e 19 de setembro em São Paulo-SP, contribui com um painel apresentando 5 Hacks para avançar na transformação digital da Saúde, os quais compartilho aqui com vocês neste artigo.
A expressão hack, original do Inglês, tem aqui o sentido de utilizar atalho e cortar caminho para chegar onde se deseja de forma mais rápida.
Hack 1 - Realize um diagnóstico do nível de maturidade digital
Identificar o nível de maturidade digital da organização é um passo primordial para a jornada de transformação, entendendo rapidamente onde a organização já avançou em termos de tecnologia e quais as oportunidades de projetos de digitalização. Ao avaliar essas oportunidades, deve-se levar em consideração os benefícios esperados e, principalmente, a relação de oportunidades e benefícios com o planejamento estratégico da instituição. Importante lembrar que somente a tecnologia não soluciona todos os desafios de uma organização de Saúde. É preciso transformar, também, processos e pessoas. E, por isso mesmo, compartilhe com toda a organização o estágio em que ela se encontra e aonde pretende chegar, criando uma visão de futuro que deve ser acompanhada por todos. O DMI-H (Digital Maturity Index for Healthcare) é um excelente ponto de partida nessa avaliação, que pode ser feita on line por meio do link: https://www.folks.la/dmi-h.
Hack 2 - Priorize as oportunidades identificadas
Para criar um plano de aceleração da jornada da transformação digital na Saúde, é fundamental elencar as prioridades. Uma forma de fazer isso é considerar, primeiro, o alinhamento com os objetivos e estratégia do negócio. Em seguida, o envolvimento de toda a organização para ajudar na priorização e evitar ações direcionadas. Depois, estabeleça quais são as expectativas iniciais e garanta a infraestrutura necessária para suportar as tecnologias que serão adotadas.
Hack 3 - Crie uma cultura de inovação voltada para a mudança
Estabelecer uma cultura de inovação é fundamental para que qualquer transformação aconteça. Para construí-la, é necessário valorizar alguns aspectos, entre eles, o estímulo às novas ideias dentro da organização. Crie o hábito de incentivar os colaboradores a propor ideias de melhorias e até mudanças no negócio. Adotar a perspectiva do cliente é sempre um bom exercício para imaginar novas maneiras de inovar e construir modelos de gestão com base na tecnologia. Observe o mercado, seus concorrentes, contrate colaboradores que contribuam para a disseminação da cultura e garanta um ambiente dinâmico que fomente a colaboração.
Para exemplificar esse tema, relato um case bastante conhecido: o da Polaroid.
É de conhecimento geral que a Polaroid foi à falência por conta da disseminação da fotografia digital. Porém, poucos sabem que, mesmo antes de seus concorrentes cogitarem a fotografia eletrônica, a própria Polaroid já possuía um projeto interno para a criação de fotos nesse formato. Foi uma reviravolta e tanto, pois uma das empresas pioneiras no estudo da fotografia digital foi à bancarrota por conta dela mesmo.
O próprio CEO da Cia, Land, não permitiu que a ideia avançasse. Esse interessante case está relatado no livro do Grant, Adam. Originais da editora Sextante.
Com base em seus estudos e pesquisas, o autor conta que, no início da década de 80, já havia na empresa um grupo de engenheiros trabalhando com fotografia digital e os progressos eram enormes. Um protótipo de câmera digital de alta qualidade estava pronto em 1992. Porém, apesar de terem ganho diversos prêmios pela excelência técnica do projeto, a equipe de engenheiros não conseguiu convencer seus colegas a lançá-la até 1996. A esta altura os principais concorrentes da empresa já estavam com os seus modelos no mercado.
E por que o modelo da Cia não foi lançado?
O Board da Polaroid, liderado pelo CEO, trabalharam com uma premissa errada e asfixiaram essa nova ideia. Era senso comum no alto escalão que os consumidores sempre iriam querer cópias físicas de suas fotos. Os principais tomadores de decisão deixaram de questionar essa certeza.
É um exemplo claro do pensamento de grupo: a tendência de buscar o consenso em vez de estimular o dissenso. O pensamento de grupo é inimigo da inovação.
O livro conta ainda que, em 1980, Land foi procurado pelo fundador da Sony, Akio Morita, que lhe disse que o processamento químico dos filmes talvez não fosse a onda do futuro e expressou interesse em uma colaboração para desenvolver uma câmera eletrônica. Land descartou a ideia, insistindo que os clientes sempre iriam querer suas fotos em papel e que, em termos de qualidade, a fotografia digital jamais chegaria perto das imagens quimicamente processadas.
Hack 4 - Utilize métodos ágeis para gestão de projetos e execute protótipos
Se o objetivo da organização é acelerar a transformação digital da Saúde, adotar modelos baseados na metodologia ágil é um caminho indicado. De forma simplificada, métodos ágeis quebram com o modelo tradicional de desenvolvimento de projetos, que é dividido por etapas bem definidas. No caso das metodologias ágeis, elas se baseiam em ciclos iterativos e incrementais, que trazem flexibilidade e adaptabilidade. Uma característica importante é a inspeção e adaptação dos ciclos, focados em gerar melhoria contínua para as equipes e processos. Na prática, uma forma de agilizar as mudanças em uma organização de Saúde é utilizar a prototipação para resolver problemas conceituais iniciais, aumentar o aprendizado com os erros encontrados na prototipação, definir planos de curto, médio e longo prazos, e habilitar a flexibilidade para permitir alterações nas prioridades sem precisar reiniciar todo o processo.
Hack 5 - Avalie os resultados com critério e busque a melhoria contínua
A maturidade digital da organização permitirá a avaliação das mudanças realizadas ao longo da jornada digital e o acompanhamento de indicadores em tempo real, permitindo alterações de rotas. A busca pela melhoria contínua é incentivada em um modelo que prioriza a cultura de inovação, já que nada é definitivo e tudo pode ser alterado com o objetivo de tornar a experiência - do paciente, do colaborador e da instituição - melhor.
Lembre-se que a transformação digital da Saúde só ocorre quando a essência das instituições se modifica, o que inclui transformar as fronteiras, a cadeia de valor, o modelo de negócio e, principalmente, a forma como a organização se relaciona com seus diversos atores. Nesse caminho, é fundamental devolver o paciente/cliente para o centro do negócio e, assim, gerar o principal valor que ele busca em um serviço de saúde: a garantia da qualidade de vida. Esse é o modelo sustentável de Saúde do futuro.
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